Setor Bancário Responde Aos Desafios Da Pandemia Com 25% Das Receitas

• Relatório da Oliver Wyman conclui que banca europeia está bem posicionada para contribuir para a recuperação da economia no período pós-pandemia.
• Segundo a consultora norte-americana, estarão em jogo cerca de 160 mil milhões de euros.

Lisboa, 7 de julho de 2021 – Estão em jogo 25% (160 mil milhões de euros) das receitas do setor bancário europeu à medida que este se prepara para responder aos novos desafios gerados pela pandemia. Esta é uma das principais conclusões do relatório da consultora norte-americana Oliver Wyman ‘Ready To Lead: How Banks Can Drive the European Recovery’, que acaba de ser divulgado.

O relatório vem mostrar que o sistema bancário está muito bem posicionado para desempenhar um papel fundamental na recuperação económica da Europa, com rácios de capital robustos, muito graças a provisões abaixo do esperado e ao congelamento de dividendos.

O rácio médio de capital CET1 dos bancos europeus é de 15,3%, em comparação com 14,4% em 2019 (ver figura 1). Menos de 1% do capital total da indústria está em bancos com índices CET1 abaixo de 12%.

No ano passado, a banca foi consensual ao prever que as perdas de crédito agregadas para entidades que reportam à Autoridade Bancária Europeia seriam de aproximadamente 200 mil milhões de euros em 2020. Os números finais fixaram-se nos 110 mil milhões, ainda assim mais do dobro do que sucedera em 2019. Desde então, 30% dos bancos que reportam os seus resultados trimestrais lançaram provisões, em média 12% cada, e prevê-se que mais sejam lançadas.

Os impactos da Covid-19 influenciaram as receitas dos bancos, em especial, nos países onde medidas mais rigorosas de combate à doença foram adotadas e onde o confinamento foi mais restrito. Segundo dados da Oliver Wyman, o valor é de -8,1% num conjunto de países: Portugal, Espanha, Itália, Irlanda e Reino Unido.

Nos países onde os bancos são impactados pelas oscilações dos setores do turismo e do entretenimento, que sofreram 60% de cada da receita, esse impacto é também visível: Espanha e Portugal surgem aqui como países particularmente atingidos do conjunto dos mercados analisados. Pelo inverso, os bancos na Suíça têm beneficiado de um aumento da riqueza.

Segundo Pablo Campos, coautor do relatório e CEO da Oliver Wyman em Espanha e Portugal, “os bancos europeus têm uma oportunidade única para apoiar a recuperação após a pandemia e contribuir para resolver alguns dos principais problemas que a economia europeia enfrenta, tais como a transição verde para a sustentabilidade, a transformação digital ou a construção de novas infraestruturas de mercado. O papel que decidirem desempenhar determinará quem são os vencedores ou perdedores, tanto financeiramente como em termos de reputação. Até um quarto das receitas bancárias estarão em jogo quando sairmos da pandemia”.

Para Pablo Campos, o sistema financeiro precisa de colaborar com os responsáveis pelas políticas económicas, consolidar a sua posição como parte essencial da economia e reforçar a confiança dos seus clientes. E salienta: “Se não o fizerem, os bancos europeus enfrentarão as consequências de não corresponder às expetativas sociais, políticas e dos acionistas”.

No entanto, de acordo com as conclusões da Oliver Wyman, desafios mais difíceis ainda estão por vir: bolhas de ativos inflacionadas devido à liquidez excessiva do mercado, baixas taxas de juro e um frenesim especulativo em ativos digitais. Além disso, o espectro da inflação voltou.

Os desafios para a banca europeia

O relatório identifica cinco desafios que a Europa precisa que os seus bancos enfrentem para contribuir a economia a voltar a entrar nos eixos:

1. Agilizar programas de empréstimos de emergência

2. Adaptar-se à união do Mercado de Capitais e ao fundo da Next Generation da União Europeia

3. Financiar a transição do carbono

4. Entrega de pagamentos, empréstimos e outos produtos bancários numa economia digitalizada

5. Construir a infraestrutura financeira do futuro, incluindo potenciais moedas digitais do Banco Central.

“Os bancos desempenharam um papel fundamental desde o início da crise, ao garantir que o acesso à liquidez e ao financiamento estivesse disponível não só para as grandes empresas, mas também para as pequenas e médias empresas. Eles também desempenharam um papel importante ao ajudar a determinar a elegibilidade e prevenir fraudes”, refere Ibon Garcia, coautor do relatório e sócio responsável pelo setor Retail & Business Banking Europe.

Sobre o relatório:

O relatório da consultora norte-americana Oliver Wyman que avalia o setor bancário europeu – ‘Ready To Lead: How Banks Can Drive the European Recovery’ – foi desenvolvido por Ibon Garcia Sanz, Matt Austen, Will Illingworth e Chris Allchin, com os contributos de sócios e responsáveis da Oliver Wyman nos diferentes países europeus. Para a Península Ibérica, o relatório obteve o contributo de Pablo Campos (CEO da Oliver Wyman em Espanha & Portugal) e de Rodrigo Pinto Ribeiro (Partner, Head of Financial Services Espanha & Portugal).

‘Ready To Lead: How Banks Can Drive the European Recovery’ usa modelos proprietários para estimar a economia bancária futura, ao ter em consideração dados tais como provisões, ativos ponderados pelo risco, ganhos e outras métricas bancárias importantes.

Os números são exibidos ao nível europeu, além de fornecer granularidade sobre os ganhos bancários e os impactos dos balanços patrimoniais em 17 países: Alemanha, Áustria, Bélgica, Dinamarca, Espanha, Finlândia, França, Grécia, Noruega, Holanda, Irlanda, Itália, Polónia, Portugal, Reino Unido, Suécia e Suíça.

Sobre a Oliver Wyman

A Oliver Wyman é líder global em consultoria de gestão. Com escritórios em mais de 60 cidades em mais de 29 países, a Oliver Wyman combina um profundo conhecimento do sector com conhecimentos especializados em estratégia, operações, gestão de risco e transformação organizacional. A firma tem mais de 5.000 profissionais em todo o mundo, ajudando os clientes a otimizar os seus negócios, melhorar as suas operações e perfil de risco, e acelerar o seu desenvolvimento organizacional para agarrar oportunidades. Oliver Wyman é uma subsidiária da Marsh & McLennan Companies. [NYSE: MMC].

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